domingo, 24 de junho de 2012

Tzzzzz!



Hoje, a Maria aprendeu que quando alguém encosta no nariz dela com vontade, ele faz barulho de choque e isso é engraçado. Com ela as coisas são simples: não tem método, hora certa ou pré-requisito. Se é bom e faz rir, é só fazer de novo e pronto, ela aprende. Copia tudo que é legal: choque no nariz, high five, atender telefone, bater palmas.

O problema é que a gente cresce e continua aprendendo fácil, copiando. Aprende a hora de chegar, como se vestir, o que não dizer, a hora de estudar, a hora de dormir, a hora de ficar sério e até de rir.

E aí, invariavelmente, acaba aprendendo que narizes não dão choque. Narizes são só cartilagens que fazem parte do sistema respiratório. Daqui a uns anos a Maria não vai nem se lembrar o quanto isso – sim, choques de mentirinha no nariz - era capaz de diverti-la. Aquela risada inocente vai ser abafada pouco a pouco por afazeres, obrigações, rotinas, preconceitos, expectativas. E então um nariz vai ser só um nariz.

Enquanto isso não acontece, eu fico besta, rindo por tabela dessa menina que ainda não meteu o nariz nas coisas chatas desse mundo.

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