Hoje, a Maria aprendeu que quando alguém encosta
no nariz dela com vontade, ele faz barulho de choque e isso é engraçado. Com
ela as coisas são simples: não tem método, hora certa ou pré-requisito. Se é
bom e faz rir, é só fazer de novo e pronto, ela aprende. Copia tudo que é
legal: choque no nariz, high five, atender telefone, bater palmas.
O problema é que a gente cresce e continua
aprendendo fácil, copiando. Aprende a hora de chegar, como se vestir, o que não
dizer, a hora de estudar, a hora de dormir, a hora de ficar sério e até de rir.
E aí, invariavelmente, acaba aprendendo que
narizes não dão choque. Narizes são só cartilagens que fazem parte do sistema
respiratório. Daqui a uns anos a Maria não vai nem se lembrar o quanto isso – sim,
choques de mentirinha no nariz - era capaz de diverti-la. Aquela risada
inocente vai ser abafada pouco a pouco por afazeres, obrigações, rotinas,
preconceitos, expectativas. E então um nariz vai ser só um nariz.
Enquanto isso não acontece, eu fico besta,
rindo por tabela dessa menina que ainda
não meteu o nariz nas coisas chatas desse mundo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário